Esfinge

E todos os dias eu volto pra casa 'destruída' no sentido figurado.
Parece que uma onda gigante passa por cima de mim, me arrasa e me deixa largada na praia à deriva.
Eu me sinto fora do corpo, parece que algo me toma de mim, caminha pra onde seus pés andam, eu não tenho reação, eu não consigo pensar em mais nada nem ouvir.
Antes é uma sensação de ansiedade tomando conta, uma adrenalina que ecoa num grito que não consegue sair de mim, durante é a sensação de que meu corpo está no mundo e minha alma e meus sentidos estão vagando desacelerando e acelerando ao mesmo tempo, quando me dou conta eu volto ao corpo e vago 'destruidamente' arrasada pela onda que insiste em me devorar, ou quem dera eu ser levada por ela, mas ela me puxar por vontade dela.
Porque provoca se não quer brincar?
Eu sinto colocando o dedo no fogo todos os dias, mas tira rapidamente quando eu insisto em pegar a mão pra queimar de vez.
Sabe eu me considerava "Expert" em ler entre as entrelinhas, em ouvir o subliminar das palavras e ambiguidade das mesmas, proposital ou inconsciente, consegue até mesmo desestruturar a minha sanidade.
E quando insiste em rolar a brincadeira de palavras comigo, eu vejo um fio de querer ou não, mas é uma brincadeira, mas em quantas brincadeiras não existe uma ponta de verdade, e eu nunca sei que hora dizer me da um medo, e que medo.
Eu me volto a dar murros em pontas de facas quando perco a oportunidade, e sinto meu sangue correr, e aumentando a pressão pelas veias.
Provoca e acha graça... e pula fora, não é capaz.
Eu não posso dizer se quer ou não, se deseja ou não, porque consegue me confundir e o riso se esbalda da minha cara sem reação ou tentando desenhar alguma expressão.
Mal sabe que a minha vontade é de parar o tempo.
Cada vez que abre um sorriso é como sentir o coração sendo partido por uma folha de papel (quem nunca cortou o dedo no papel), dói demais.
Não me causa dor, me causa coisas boas de certa forma me fez acordar e ver que meus pés estão bem firmes no chão, mas despertou algo que eu havia lacrado com os anos, adormecido em algum lugar.
Sabe quando você sente que PRECISA e NECESSITA para viver.
Do riso, do sarcasmo, da brincadeira, da presença, são tantas coisas pra dizer mas chega na hora, o momento certo, eu corro pra bem longe, fujo até de mim mesma, com medo de pular do abismo e não ter nada embaixo e ser uma queda infinita, afinal, esse terreno é incerto, eu nunca vou saber o que há por trás, sempre estará me confundindo.
E quando eu consigo voltar a calma dentro de mim, dizer pra mim "calma, não entre mais na brincadeira, não se deixe levar, você sabe que no final é só brincadeira", o riso fica sério, o olhar calado, surgem novas provocações cada vez mais ardentes e os olhos ficam cada vez mais com o olhar fixo, digno de quem quer a qualquer custo tirar alguém do sério e da paz.
Eu me rendo pra cair no chão como todas as vezes, depois vou pegando meus cacos pelas horas.
Me finjo de burra pra você sobressair. 
Odeio a duplicidade de sentidos, ambiguidade das palavras, ODEIO os códigos que você diz pra mim e insiste que eu a decifre, o riso que corrói a mim por dentro durante horas.
Tão doce e ao mesmo tempo tão ácida.
Decifra-me ou te devoro, esfinge estranguladora.
Eu só não imaginava que isso poderia virar a minha vida de ponta cabeça.

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